(Comentário Bíblico Moody) sobre o livro de Naum.

Introdução Esboço Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3


INTRODUÇÃO

Título. Como acontece com todos os livros proféticos do Velho Testamento, este também leva o nome do seu autor. Naum (nahûm) significa "consolação" ou "consolador". A natureza do conteúdo da profecia está indicada no título : "sentença". Quando usado tecnicamente entre os profetas, significa aquilo que é um peso no coração de Deus e também no coração do profeta; isto é, uma mensagem ameaçadora ou de juízo. O tema único do livro é Nínive, a antiga capital do Império Assírio.

Data e Autoria. O Livro de Naum é suscetível de ser datado dentro dos limites de meio século. De pesquisas arqueológicas sabe-se que Nínive caiu em 612 A.C. A predição de Naum foi escrita provavelmente um pouco antes da destruição da cidade. Além disso, em 3:8 o profeta menciona o cativeiro de Nô (Nô-Amom ou Tebas, a capital do Egito Superior) como acontecimento histórico. Assurbanipal da Assíria (668-626 A.C.) efetuou a tomada da cidade egípcia no ano de 663 A.C. Portanto, o livro pode ser datado entre 663 A.C. e 612 A.C., provavelmente mais próximo desta última data.

Embora nada se saiba sobre a vida de Naum, além da declaração de que ele era um elcosita, nenhuma evidência válida tem sido apresentada para declarar que qualquer outro tenha sido o autor da profecia. Até mesmo o lugar de nascimento do profeta não é bem conhecido. Três sugestões principais quanto à sua identidade têm sido apresentadas. 1) Era uma cidade ao norte de Nínive. Este ponto de vista fundamenta-se em tradição que vem desde o século dezesseis. 2) Jerônimo, tradutor da

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Vulgata, identificou-se com uma pequena vila na Galiléia. Não se pode afirmar com certeza que Cafarnaum tenha recebido o nome do profeta. 3) Um terceiro ponto de vista localiza Elcos no território ao sul de Judá. É bem possível que Naum tenha nascido na Galiléia e mais tarde exercido o seu ministério no sul.

Antecedentes Históricos. Junto com os profetas Jeremias, Habacuque e Sofonias, Naum foi uma testemunha no Reino do Sul. O Reino do Norte foi levado para o cativeiro pela Assíria quase um século antes (722-721 A.C.). Agora estava no propósito de Deus visitar aquela nação que fora a vara da ira de Deus contra Israel. Nínive tinha genuinamente se arrependido nos dias do profeta Jonas, mas agora estava pronta para o juízo por causa de sua crueldade e cupidez. Ela fora cruel na guerra e gananciosa em acumular riquezas desonestamente. O poder que governara a Ásia ocidental por cerca de três séculos agora já fora derrotado pelo poder combinado dos babilônios e medos.

ESBOÇO

Capítulo I

I. Título 1:1.

II. O majestoso Deus de Israel. 1:2-8.

III. O juízo de Deus sobre a Assíria. 1:9-14.

IV. O livramento de Judá. 1:15.

Capítulo II.

I. Uma canção de escárnio sobre Nínive. 2:1, 2.

II. O cerco de Nínive. 2:3-7.

III. O destino de Nínive. 2:8-10.

IV. A razão da queda de Nínive. 2:11-13.

Capítulo III.

I. O retrato da destruição. 3:1-3.

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II. O fracasso moral de Nínive. 3:4-7.

III. A advertência ignorada de Nô-Amom. 3:8-10.

IV. A desesperança da condição de Nínive. 3:11-19.

COMENTÁRIO

Naum 1

I. Título. 1:1.

1. Sentença contra Nínive. A designação indica que a profecia é uma mensagem pesada ou uma sentença judicial contra Nínive (cons. Is. 13:1; Zc. 9:1; 12:1). A visão. A palavra hebraica (cons. Is. 1:1) é um termo técnico para uma revelação autorizada por Deus.

II. O Majestoso Deus de Israel. 1:2-8.

2. O SENHOR é Deus zeloso. O profeta, recordando o zelo passado de Deus em benefício do Seu povo quando ameaçado pelos assírios, está confiante de que agora Ele não deixará de fazer o mesmo protegendo e vingando. Quando as Escrituras falam de Deus chamando-o de "zeloso", não usam o termo no sentido em que se usa o mesmo para com os homens. Antes, significa que Deus é zeloso em manter Sua santidade e o governo justo do mundo (cons. Êx. 20:5; Nm. 25:11, 13). Deus ama o Seu povo, e deve acertar os erros perpetrados contra ele na deportação do reino de Israel e na invasão do reino de Judá, ambas feitas pelo reino da Assíria. O SENHOR toma vingança. Três vezes neste versículo o profeta declara que Deus se vingará dos seus inimigos. O pronunciamento é feito com solenidade e certeza de que há muito o Deus justo determinou iniciar o juízo contra os seus adversários.

3. O SENHOR é tardio em irar-se. O fato da vingança de Deus ser proclamada sem rodeios e repetidas vezes não é motivo para se deduzir que a decisão divina tenha sido apressada; antes, ele é paciente. É loucura imaginar que a paciência do Senhor brota da falta de poder

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(veja Êx. 34:6, 7). O Senhor não pode ser induzido a lidar com os culpados como se fossem inocentes. Seria uma negação de sua natureza. Na tormenta e na tempestade. A onipotência de Deus está explícita no fenômeno do mundo natural, esses poderes elementares que o homem, mesmo atualmente, não tem poder de domesticar ou aproveitar (cons. Êx. 19:16-18). As nuvens são o pó dos seus pés. Deus usa as nuvens dos céus como o homem usa o pó da terra. Na literatura cuneiforme de Ras Shamra (Ugarita) na Síria, os poetas pagãos falam de seus deuses cavalgando as nuvens. Mas só o Deus verdadeiro tem capacidade de tais feitos de poder e majestade (cons. Sl. 104: 3).

4. Ele repreende o mar. Sob as ordens de Deus, os rios e os miares secam, como o Mar Vermelho e o Jordão (Is. 50:2). Nosso Senhor Jesus manifestou este poder no Mar da Galiléia (Mt. 8:26). Desfalecem Basã ... Na terra prometida Basã era famosa por suas ricas pastagens, o Carmelo por suas vinhas e o Líbano por suas florestas majestosas. Mas tudo podia secar se fosse a vontade do Senhor (cons. Is. 33:9; Os. 14:7).

5. Os montes tremem. Os terremotos, que nivelara montes e colinas, estão sob o controle de Deus ; o fogo também serve para Seus propósitos irresistíveis. Mais ainda, qualquer atitude de secar a terra envolve aqueles que nela habitam.

6. Quem pode suportar? Se o Deus onipotente pode assim manipular as forças e os fenômenos da natureza, como poderia o homem insignificante pretender enfrentar a indignação do Senhor? Estas perguntas retóricas do profeta sugerem a sua própria réplica poderosa. As rochas são por ele demolidas. A atividade vulcânica atende à mão poderosa de Deus.

7. O SENHOR é bom. Para que os contemporâneos do profeta não recebam uma impressão errada de Deus, como se Ele fosse amedrontador e austero, Naum enfatiza agora três verdades confortadoras referentes a Ele. Primeiro, Ele é inata e inerentemente bom. Ele jamais pode ser associado ao atributo oposto. Segundo, Ele é o refúgio incomparável para os Seus no momento do infortúnio, "um

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castelo forte", como Lutero disse no seu hino da Reforma. Terceiro, Ele conhece, dentro do amoroso cuidado convencional, todos aqueles que têm fé nEle (cons. SI. 1:6; 144:3).

8. Com trevas perseguirá . . . os seus inimigos. O cuidado solícito de Deus não deve nunca ser interpretado como sentimentalismo fraco. O Senhor jamais compromete Sua verdade ou Sua santidade; portanto, seus inimigos serão tratados de maneira sumária. O golpe será esmagador. Este versículo antecipa o que Naum desvenda relativamente a Nínive nos capítulos seguintes do livro. As Escrituras empregam a figura de um rio transbordante para representar um exército invasor que invade uma terra e espalha a desolação por onde passa (cons. Is. 8:8; 10:5-19). Como matéria de interesse histórico, Ctesias (um historiador grego do século quinto A.C.) conta que, durante uma festa de bêbados em Nínive, uma súbita inundação do Rio Tigre varreu a Cidade e levou os alicerces do palácio, permitindo assim que o exército babilônico entrasse e queimasse a cidade.

III. Deus Julga a Assíria. 1:9-14.

9. Que pensais vós contra o SENHOR? Nesta porção do capítulo o profeta prediz a derrota das forças assírias. A pergunta de Naum, em seu discurso abrupto, implica em perplexidade diante da audácia do inimigo estrangeiro em sua tentativa sem sentido e fútil de tentar obter vantagens de alguma forma contra o Senhor. Resumidamente, o profeta pergunta: "Como podem vocês esperar lutar contra tal Deus como o de Israel?" (com. Is. 37:23-29). Ele mesmo vos consumirá de todo. O castigo que Deus pretende dar aos assírios seria tal que jamais teria de repeti-lo. Seria um golpe irreparável.

10. Os espinhos. Um povo agrícola, como Israel, facilmente compreenderia a figura viva dos espinhos entrelaçados e do restolho totalmente seco. Como bêbados. O que tornou o exército assírio mais fácil de ser vencido foi o fato de se encontrarem os assírios no meio de sua farra durante o cerco da capital. De acordo com o historiador

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Diodorus Siculus (The Historical Library, 2:26), o rei e seus cortesãos foram tomados de surpresa no meio de sua orgia; e o império caiu.

11. De ti . . . saiu. Embora alguns estudantes da passagem não queiram identificar esta pessoa especificamente, aceita-se de modo geral que esse que planejara o mal contra o Senhor foi Senaqueribe da Assíria (705-681 A.C.), o filho de Sargão II (o invasor de Samaria). Ele aconselhava o mal (lit., belial, "coisa indigna"); mas não se saiu bem sob a controladora mão divina (cons. II Reis 19:22, 23).

12. Por mais seguros que estejam. Antes, embora estejam completos (isto é, com forças completas ou totais). Apesar do fato do exército assírio ser formidável (II Cr. 32:7), seria impotente contra o povo de Israel. A Assíria, que já dizimara muitos povos, seria ela mesma abatida (lit., podada) em seu desafio feito ao Senhor. Passarão. Para se dizer a verdade, o rei da Assíria, tendo 185.000 homens seus, mortos em uma só noite, interrompeu o cerco de Jerusalém e retirou-se para Nínive (II Reis 19:35, 36; Is. 37:36-37). Eu te afligi. Esta seção da passagem fala de Deus lidando com Israel. Embora tivesse permitido que as forças assírias castigassem Israel, não o faria mais (veja v.9, "por duas vezes").

13. Quebrarei o jugo deles. A Assíria teve sucesso em reduzir Judá a um reino vassalo, exigindo que pagasse tributo (II Reis 18:14), mas o Senhor determinara libertar o Seu povo. O jugo e laços do poder opressor seriam quebrados para sempre (veja também Is. 14-25).

14. Que não haja posteridade que leve o teu nome. O profeta dirige-se agora ao rei da Assíria e prediz o trágico fim de uma vida que desafia a Deus. A dinastia de Senaqueribe se extinguiria, uma profecia que se cumpriu com o suicídio de Saracus, bisneto de Senaqueribe, nos últimos dias do império Assírio. As imagens de escultura. Junto com a queda da dinastia viria o fim de sua adoração e idolatria. Sabe-se que os medos que, junto com os babilônios, destruíram o Império Assírio, eram inimigos da idolatria e gostavam de demolir os ídolos dos seus prisioneiros. Farei o teu sepulcro. O lugar da morte de Senaqueribe foi declarado nas Escrituras (II Reis 19:37; Is. 37:38). Enquanto o rei

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adorava seus deuses no templo, seus filhos o assassinaram. Porque és vil. Quando foi pesado na balança da justiça divina, o monarca assírio foi constatado vil (lit., leve; cons. Dn. 5:27).

IV. O Livramento de Judá. 1:15-15. O que anuncia boas novas. Este versículo começa o capítulo 2 no texto hebraico; no que se refere à seqüência de idéias, ele também pode pertencer ao capítulo 1. A cena é aquela na qual os mensageiros anunciam uma libertação há muito esperada. As palavras fazem paralelo com Is. 52:7. Ali o profeta anuncia a liberdade da Babilônia; aqui é a liberdade da Assíria. A queda de Nínive (em 612 A.C.) seria bem recebida pelos judeus. Exatamente como Deus interveio em benefício de Judá e Jerusalém em 701 A.C. e dizimou o exército de Senaqueribe durante o reinado do piedoso Ezequias, assim Deus logo destruiria o Império Assírio completamente. Celebra as tuas festas. Manifestamente, era impossível executar as cerimônias religiosas da lei mosaica durante o prolongado cerco dos assírios, e foi difícil durante as décadas subseqüentes. Com a interrupção dessas crises e opressões, a cidade de Jerusalém retomaria à sua vida religiosa normal. Os teus votos. Nas horas da provação muitos dentre os piedosos devem ter feito votos ao Senhor. Passada a provação, essas promessas tinham de ser cumpridas. O homem vil. A referência é claramente ao ímpio Senaqueribe e seus sucessores no trono da Assíria (cons. v. 11). Não molestariam mais o povo de Deus. Romanos 10:15 aplica esta passagem ao bendito livramento efetuado pelo Senhor Jesus Cristo.

Naum 2

I. Uma Canção de Escárnio sobre Nínive. 2:1, 2.

1. Sobe contra ti. Com ironia e zombaria amarga Naum se dirige a Nínive, advertindo-a a que não poupe esforços e reforce todas as fortificações a fila de enfrentar o exército de Ciáxares, o medo, e Nabopolassar, o babilônio, que se aproximavam. Para se dizer a verdade,

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tudo seria inútil, pois o Senhor mesmo decretara a queda da Assíria. O sarcasmo e a zombada servem para destacar a desesperança do inimigo de Judá de maneira mais vigorosa.

2. A glória de Jacó. Com glória de Jacó e Israel entende-se a terra e o Templo de Deus. Embora favorecidos pelo Senhor, estavam sob a vara do castigo divino por causa do pecado de Israel. Destruíram os seus sarmentos. Nas passagens do V.T. a herança do Senhor é comparada a uma vinha (cons. Is. 5 com Sl. 80: 8-16). Ela sofrera com a crueldade da Assíria, que a despojara à sua vontade.

II. O Cerco de Nínive. 2:3-7.

3. Vermelhos. No seu retrato da tomada de Nínive, os homens poderosos são as forças dos medos e dos babilônios. Eles gostavam particularmente do vermelho (veja Ez. 23:14). Fadam seus escudos vermelhos pintando-os ou cobrindo-os de cobre. Calvino acha que eles o faziam para amedrontar o inimigo com a vivacidade da cor e para esconder o sangue de seus ferimentos, para que o inimigo perdesse a confiança. Escarlate. Xenofonte achava que esta era a cor preferida dos medos, a qual usavam para suas túnicas militares. Cintila o aço dos carros. Alguns dos carros de guerra cintilavam com o reflexo do aço das gadanhas fixas em ângulo reto aos seus eixos para formar os chamados carros de gadanha. Qualquer um pode imaginar como eram terríveis essas armas que podiam derrubar tudo o que resistisse ao progresso do exército. E vibram as lanças (os abetos serão terrivelmente sacudidos). Introduzir aqui abetos não dá bom sentido à passagem. Provavelmente é melhor entender que o profeta está descrevendo lanças feitas de ciprestes que estão sendo sacudidas pelos lanceiros prontos para o conflito.

4. Os carros passam furiosamente pelas ruas. Os ninivitas não aceitariam a invasão de sua capital sem se atarefarem em sua defesa. Os carros de guerra, convocados para a batalha, correriam de lá para cá na cidade assediada. Os velozes carros disparando de um lado para outro por causa do pânico pareceriam tochas acesas sob a luz do sol. Sua

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rapidez, segundo a visão que Naum teve deles, poderia ser comparada a dos relâmpagos. Esta é uma das melhores descrições de um cerco na literatura, se não a melhor. Não dá bons resultados imaginar que é uma referência aos automóveis modernos, como pensam alguns. Tal manuseio das Escrituras não é digna do estudante sério das Escrituras.

5. Os nobres. Os líderes militares assírios, com o rei à frente, convocariam os mais corajosos soldados para o serviço militar. Eles atenderiam, por estranho que pareça, tropegamente; seriam apanhados completamente desprevenidos. Em sua perplexidade seriam de pouca ajuda na crise. Ao muro. Antigamente era de suma importância proteger-se o muro da cidade; por isso os mais hábeis defensores colocavam-se junto dele. Quando o amparo for preparado, E.R.C. Em lugar de amparo, leia-se mantelete (ASV). Era algum tipo de proteção móvel, sob cuja proteção os defensores podiam rapidamente efetuar o contra-ataque.

6. As comportas dos rios se abrem. Tem-se entendido que os assírios, de posse das comportas que controlavam as águas do rio Chaser, que fluía através da capital, abriram-nas, de modo que os edifícios foram inundados e o palácio foi finalmente solapado pelas águas. É mais provável ainda que, tendo resistido em sua cidade fortificada por dois anos, os assírios testemunhassem pesadas chuvas que derrubaram os muros da cidade. Quando os canais do Rio Tigre foram abertos, o palácio foi destruído.

7. Está decretado. Os intérpretes ainda estão em dúvida se esta palavra deve ser tomada como nome próprio (Huzzab) ou se é um verbo que significa "está decretado". Nenhuma rainha de Nínive teve esse nome, nem alguma deusa assíria. A passagem é clara se conservarmos a força do verbo. Levada em cativeiro. Conforme Deus já determinara, a cidade iria para o cativeiro, enquanto as servas, os habitantes da metrópole, lamentariam a queda de uma amada cidade.

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III. O Destino de Nínive. 2:8-10.

8. Desde que existe. Cons. Gn. 10:11. Como um açude de águas. Alguns intérpretes têm considerado esta declaração como significando que a população de Nínive era heterogênea, como um açude alimentado por muitos tributários, com um único objetivo em mente, enriquecer. O sentido literal é melhor. A cidade era como um açude de águas devido aos diques à volta da cidade que formavam uma barreira de água. Mas em vez de fornecer segurança, não ajudaram nada às pessoas que fugiram em pânico. Parar, parar. A ordem dos líderes militares a que mantivessem suas posições contra os invasores de nada adiantaria na hora da confusão.

9. Saqueai. O Senhor está representado dirigindo-se aos vitoriosos, convocando-os a despojarem a cidade da sua prata, ouro, móveis e todas as riquezas. A inundação da cidade seria temporária, por causa da posição elevada de Nínive acima do Tigre. Escritores antigos confirmam que haviam grandes tesouros acumulados em Nínive, resultado de repetidas campanhas dos edificadores do império assírio.

10. Vacuidade, desolação, ruína! A cidade antes influente e rica está descrita como abandonada, desolada, despojada e completamente destruída. As palavras do original transmitem a idéia de vacuidade. O coração se derrete. A coragem desapareceu e ninguém tem o coração disposto a continuar a luta. Os sobreviventes vêem com tristeza e terror a ruína de sua antes magnificente cidade.

IV. A Razão da Queda de Nínive. 2:11-13.

11. Onde está agora o covil dos leões? O profeta, antevendo os acontecimentos, pergunta com zombaria à orgulhosa cidade para onde foi o seu orgulho e para onde fugiu a sua proclamada coragem. A figura do leão indica a ganância dos governantes e do povo. A comparação é bastante apropriada, porque os leões de diferentes formatos, com asas e às vezes com a cabeça de um homem, eram freqüentemente vistos nas esculturas assírias. As predições de Naum se cumpriram tão literalmente

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que durante séculos exércitos marcharam sobre o sítio de Nínive sem perceber o que jazia sob os seus pés.

12. O leão arrebatava. A crueldade sem precedentes dos assírios foi o motivo de sua queda sob o golpe de Deus. Ruínas assírias revelam como os seus monarcas foram rapaces. Eles se vangloriavam de que fadam o sangue de seus inimigos jorrar dos altos das montanhas. Um deles chegou a declarar que atingiu uma montanha de vermelho com o sangue dos seus inimigos.

13. Queimarei . . . os teus carros. A resposta divina para esta série de atrocidades era que Ele acabada com os carros assírios, objeto de confiança fundamental dos seus exércitos. Considerando que a Assíria se deleitava em incendiar as cidades de outras nações (quase toda descrição de batalha incluía tal declaração), ela seria recompensada do mesmo modo. Já não se ouvirá. Durante anos os reis assírios exigiram o pagamento de tributo dos povos conquistados; agora a voz desses mensageiros silenciaria para sempre. O povo e a sua posição seriam destruídos igualmente.

Naum 3

I. O Retrato da Destruição. 3:1-3.

1. Cidade sanguinária. Nínive foi fundada e mantida à custa de homicídios, derramamento de sangue e constantes guerras. Cheia de mentiras e de roubo. Dentro do reino, como também fora dele, as promessas eram quebradas e o desrespeito às tréguas era coisa comum. A extorsão e a violência estavam na ordem do dia. Que não solta a sua presa. Ela jamais deixara de viver da pilhagem e rapina. O final da história da Assíria é de quase ininterruptas guerras.

2. O estalo de açoites. Como no capítulo 2, Naum descreve em termos vivos o sítio da cidade. O leitor que chega a ouvir o barulho dos açoites incentivando os cavalos, o chocalhar das rodas dos carros de guerra, o galope aos cavalos, o sacolejar dos carros. Chega até a ver o

Naum (Comentário Bíblico Moody) 12

relampejar das espadas e o rebrilhar das lanças; e então a morte – por toda parte.

3. Tropeça gente sobre os mortos. Neste cerco não havia tempo para um sepultamento decente, tão importante no mundo antigo; os vivos tropeçavam sobre os montes de mortos. Nenhum trecho de literatura hebraica ultrapassa em intensidade esta descrição.

II. O Fracasso Moral de Nínive. 3:4-7.

4. A mestra de feitiçarias. Nínive é comparada a uma prostituta formosa. Tal figura quando usada com referência a Israel diz respeito à idolatria dos judeus, porque eles tinham um relacionamento convencional com Deus. No caso da Assíria, a prostituição consistia no tráfico da feitiçaria, o ocultismo. Através de suas velhacarias ela subjugava outros povos.

5. Levantarei as abas de tua saia. Nínive se desgraçara; agora Deus ia tomá-lo manifesto (cons. Is. 47:3; Ez. 16:37-41).

6. Imundícias. Refugos, sinal do maior desrespeito. Ela seria o alvo dos olhares de todas as nações.

7. Todos os que te virem, fugirão de ti. Aqueles que vissem a desolação da cidade fugiriam aterrorizados, não desejando participar de suas misérias. Ela ficaria sem amigos, objeto de zombaria e nojo.

III. A Advertência Ignorada por Nô--Amom. 3:8-10.

8. És tu melhor do que Nô-Amom. Tolamente Nínive não levara em conta o destino de Nô. Deus, que não faz acepção de pessoas, tinha de tratar do pecado de Nínive como fizera em Nô. Nô-Amom ou Tebas, a capital do Egito Superior, floresceu durante os reinados dos Faraós da Décima Oitava, Décima Nona e Vigésima Dinastias. Até os gregos e os romanos admiraram sua arquitetura. Os gregos se lhe referiam chamando-a de Diospolis, "Cidade de Deus ", porque o correlativo egípcio de Júpiter grego era adorado ali. Situada entre o Nilo e seus canais. Estava localizada sobre as duas margens do rio Nilo. O grande

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poeta grego Homero falou dela como tendo cem portas. Ali Amam (ou Amum), o principal deus dos egípcios, era adorado na figura de um corpo humano com cabeça de carneiro.

9. Etiópia e Egito eram a sua força. Nô-Amom era muito melhor do que Nínive, pois enquanto esta última tinha se alienado das nações vizinhas, a primeira tinha feito alianças poderosas. A capital egípcia podia depender de um suprimento de fortes etíopes na sua fronteira meridional, como também da ajuda de toda a terra do Egito. A ajuda era tão extensa que o profeta a expressa em termos infinitos. Pute e Líbia. Tanto na Vulgata como na Septuaginta, Pute foi traduzido para Líbia. Nesta passagem, entretanto, Pute e Líbia são distintas uma da outra. Na opinião moderna Pute seria Punt, a atual Somalilândia na África. A Líbia aqui mencionada seria a Líbia (com sua capital em Cirene) do Norte da África.

10. Todavia ela foi levada ao exílio. Apesar de ter todas as vantagens geográficas e políticas, Nô-Amom sofreu horrível derrota nas mãos de Assurbanipal da Assíria (cons. Is. 20:3, 4). Tais atrocidades como as que foram perpetradas contra a cidade egípcia eram coisas comuns nas conquistas daquele tempo (veja II Rs. 8:12). A queda de Nô-Amom era coisa tão recente que Naum podia usá-la como paralelo excelente com o juízo que logo adviria a Nínive.

IV. A Desesperança da Condição de Nínive. 3:11-19.

11. Também tu . . . serás embriagada. O Senhor escreve suas lições em letras grandes sobre as páginas da história humana. Nínive deixou de perceber a advertência divina no destino de Nô-Amom. Não que seria interrompida no meio de uma orgia, mas que beberia até o rim a taça da ira de Deus (quanto à figura, veja Is. 51:17, 21.23; Jr. 25:15-28; Ez. 23:33, 34). E te esconderás. A profecia foi cumprida ao pé da letra. Nínive desapareceu do cenário da história – até 1842, quando o francês Botta e os ingleses Layard e Rawlinson descobriram o local da antes famosa metrópole.

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12. Todas as tuas fortalezas são como figueiras. Na hora da necessidade extrema Nínive descobriu que nenhuma de suas fortificações serviam para enfrentar os ataques do inimigo. Os figos maduros são colhidos com facilidade e não oferecem resistência; assim Nínive ficaria nas mãos dos seus inimigos.

13. Mulheres. No meio do pânico os guerreiros não seriam mais capazes que mulheres aterrorizadas. As portas do teu país estão abertas de par em par. Uma vez abertas as entradas da cidade sem a necessária defesa, o inimigo acharia muito fácil entrar e queimar a capital sitiada.

14. Tira água. Novamente Naum volta-se da descrição da derrota iminente para zombar e fazer pouco da ímpia cidade. Para enfrentar um longo cerco, a água era artigo de primeira necessidade. O profeta a adverte a acumular bons suprimentos. Entra no barro. O inimigo sem dúvida traria armas de demolição a fim de abrir brechas nos muros da cidade. Assim haveria necessidade imediata de tijolos para reparação dos buracos que fossem abertos nos muros.

15. O fogo ali te consumirá. Inúteis seriam todas essas medidas desesperadas, pois tanto o fogo como a espada abateriam Nínive. A história antiga e a arqueologia moderna, ambas atestam o fato de que a predição de Naum se realizou e a cidade foi destruída pelo fogo. Como a locusta. A locusta é muito conhecida pelo seu poder destruidor. Nínive ficaria com a aparência de ter sido invadida por uma praga de locustas. Então, de repente mudando de rumo, o profeta compara o povo de Nínive a um bando de locustas. Mesmo se fosse tão numerosos como um bando de locustas, não escapariam ao que o profeta estava profetizando.

16. Fizeste os teus negociantes mais numerosos. Ninguém podia duvidar do destaque comercial da cidade. Era um dos grandes centros comerciais do mundo antigo. Seu comércio com outras nações, especialmente a Fenícia, era lucrativo. E sai voando. O que fora acumulado durante muitos anos com luta paciente e infatigável, seria todo levado pelo inimigo.

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17. Os teus príncipes saio como os gafanhotos. De que serviriam os grandes chefes militares no dia da calamidade? Eles são comparados a enxames de locustas com as asas endurecidas pelo frio, as quais, depois de aquecidas pelos raios solares, recuperam a força e a vitalidade e fogem voando. As locustas no Oriente Médio são tão destrutivas que a língua hebraica tem quase uma dúzia de nomes para elas. As locustas podem desaparecer sem deixar vestígios e foi esse o aspecto considerado aqui.

18. Os teus pastares dormem. O sono da morte seria a porção dos oficiais do rei e dos governadores. Pelos montes. O povo da Assíria seria espalhado pelas montanhas ao norte de sua terra, sem que houvesse alguém para tornar a reuni-lo.

19. Não há remédio para a tua ferida. Não haveria compensação para as perdas e destruições sofridas pela Assíria. Não se menciona remanescentes ou sobreviventes. Baterão palmas sobre ti. Aqueles que ouvissem as notícias da calamidade se regozijavam com o destino do insensível império. Aplaudiriam a paga finalmente recebida pelo seu opressor. A tua maldade. A pergunta é feita ao rei como representante do reino. O governo do tirano chegou a um fim inglório em 612 A.C., de acordo com as Crônicas Babilônicas. A profecia de Naum conclui assim com uma forte declaração de causa e feito morais: perversidade e desgraça, crueldade e calamidade, crime e catástrofe.

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